3 de fevereiro de 2010
7 de janeiro de 2010
6 de janeiro de 2010
2010: e a fada do botequim valsa como se fosse uma criança
19 de dezembro de 2009
Te amo, I love you, Ich liebe dich, Je t'aime, 愛しています, Я тебя люблю, T'estimo, Unë të dua, أنا أحبك, Volim te, איך האָב דיך ליב, Ti amo.
Que tipo de “segurança” a outra pessoa pode me passar? O acolhimento.
Reciprocidade? Sim, mas em termos.
Vou tentar explicar melhor: prefiro falar esta frase para quem está aberto para recebê-la. Ou seja, para quem parece já ter amado e, portanto reconhece a delicadeza deste sentimento.
Desconsiderando as pessoas extremamente centradas no próprio umbigo, acredito que com o mínimo de sensibilidade é possível perceber a abertura ou não do outro para esse tipo de partilha.
Mas abertura para o quê? Para falar a verdade não sei. Para mim não corresponde a nenhum tipo de comprometimento com o que quer que seja, mas um momento de intimidade, cumplicidade. Se não sinto essa correspondência não falo. O que não quer dizer que não sinta. Significa apenas que essa partilha não será explicitada verbalmente. Mesmo porque antes do "eu te amo” chegar na boca ele já percorreu todo o meu corpo e o corpo do outro.
OBS: esse post foi incentivado por Cesar Miranda http://protensao.apostos.com/2009/08/27/eu-te-amo/
19 de novembro de 2009
Pecado Original
Todo dia, toda a noite,
toda hora,
toda madrugada,
momento e manhã
Todo mundo,
todos os segundos do minuto vive a eternidade da maçã
Tempo da serpente, nossa irmã
Sonho de ter uma vida sã
Quando a gente volta o rosto para o céu e diz
olhos nos olhos da imensidão
Eu não sou cachorro não
A gente não sabe o lugar certo onde colocar o desejo
Todo beijo, todo medo, todo corpo em movimento
está cheio de inferno e céu
Todo santo, todo canto, todo pranto,
todo manto está cheio de inferno e céu
O que fazer com o Deus nos deu
O que foi que nos aconteceu
Quando a gente volta o rosto para o céu e diz
olhos nos olhos da imensidão
Eu não sou cachorro não
A gente não sabe o lugar certo onde colocar o desejo
Todo homem, todo lobisomem sabe a imensidão da fome
que tem de viver
Todo homem sabe que essa fome é mesmo grande,
até maior que o medo de morrer
Mas a gente nunca sabe mesmo
o que é que quer uma mulher.
Caetano Veloso
8 de novembro de 2009
Juntos somos fortes, somos flecha e somos arco
Precisavam confiar no implausível: da respiração ofegante à insegurança brutal. Das alturas podiam cair, mas falar não. Nem sob tortura! Eles não precisavam de palavras, eram também cúmplices em seus silêncios.
Noites e noites em claro pensando em rotas de fuga, túneis secretos e quebra de sistemas de segurança. Tudo para chegar ao outro lado, onde diante do cofre arrombado jubilaríam-se extasiados perante a quebra do grande taboo.
1 de novembro de 2009
30 de agosto de 2009
16 de agosto de 2009
Trust
Pedro Salém e Jurandir Freire Costa
(extraído do artigo "Sobre a confiança em Balint" - Revista Textura (2003))
13 de agosto de 2009
Para além da alma e da pele
Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus — ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
Manuel Bandeira
Os dois estavam em silêncio há uns quinze minutos. Desde a última visita do garçom, quando deixou a cerveja a pedido dela, não se olhavam mais. Entre os dois corpos mudos havia uma mesa. Abaixo dela as pernas estavam livres, mas ainda assim distantes. Ambos olhavam a rua automaticamente. Enquanto os dedos dele batiam levemente a mesa em um ritmo constante, os braços congelados dela permaneciam cruzados. Em um ato inconseqüente ela irrompeu a ansiosa quietude sem lhe dirigir o olhar:
- Por que você estava insensível comigo ontem? Nem tchau direito você deu!
- O problema foi o tchau, então? - Não, não foi o tchau em si, foi a sua insensibilidade. Você reparou que a gente mal conversou a noite toda?
- Insensibilidade? Você não consegue perceber o quanto meu corpo é sensível, né?... ele sente você o tempo todo, tanto a presença quanto a falta. E sua presença ausente me deixa assim, mudo.
- Mas eu não estou ausente, pelo contrário! Estou aqui querendo conversar com você, não tô?
Antes de terminar a frase os pés dele tocaram os dela. O movimento pegou-a de surpresa e seus dois olhos negros esboçaram um sorriso maroto que ele não viu. Mesmo com os pés em comunhão os dedos dele continuavam com o ritmo constante em direção a mesa, e sua face não esboçava mudança alguma. As palavras se esquivavam, mas sua alma começou a se aproximar assim que os braços dela se descruzaram. A única frase que encontrou foi:
- Sobre o que você quer conversar?
- Não sei mais, acho que sobre a gente... Os olhos dela rapidamente o abandonaram, voltando-se para rua.
- Mas a gente! A gente tá aqui ô. - suas mãos soltas no ar esboçaram o contorno dos dois corpos. – O que mais precisa pra gente se entender? A mão esquerda dele voltou a ritmar a mesa para aplacar o desandamento do seu coração. Já tinha falado demais por hoje.
Sentindo que as mãos começavam a suar e se esforçando para que seu tronco não desabasse, ela timidamente perguntou:
- E se eu te der o meu corpo, você me ensina a entender?
- Mas você já não me deu o seu corpo? E os olhos dele paralisam, agarrados aos lábios dela.
- Acho que não. Eu devo ter entregue apenas a pele.... Finalmente os dedos dele pararam de bater a mesa. Seus olhos de dúvida não largavam a boca dela e ainda clamando por socorro ouviu: É que eu ainda não nasci direito.