3 de fevereiro de 2010

Segredo público II: meu portuñol é pessímo!

Até eu já estou cansada dele.... Ainda bem que a próxima parada é Lisboa! Ôba!

7 de janeiro de 2010

fumatori = impotenti




Agora um pouco de humor:


6 de janeiro de 2010

2010: e a fada do botequim valsa como se fosse uma criança

E como não?
E por que não dizer
Que o mundo respirava mais
Se ela apertava assim
Seu colo
Como seu não fosse um tempo
Em que já fosse impróprio
Se dançar assim

Ela teimou e enfrentou
O mundo
Se rodopinado ao som
dos Bandolins

Feliz 2010!

19 de dezembro de 2009

Te amo, I love you, Ich liebe dich, Je t'aime, 愛しています, Я тебя люблю, T'estimo, Unë të dua, أنا أحبك, Volim te, איך האָב דיך ליב, Ti amo.

Falei “te amo” pouquíssimas vezes. Será que sou pão dura? Seletiva? Ou o famoso “osso duro de roer”? Não sei. As vezes em que eu falei “te amo” me sentia muito segura. Mas segura de mim ou segura do outro? De ambos! Esquisito não? O que o outro tem haver com um sentimento meu? Segurança? Como assim?
Que tipo de “segurança” a outra pessoa pode me passar? O acolhimento.

Reciprocidade? Sim, mas em termos.
Vou tentar explicar melhor: prefiro falar esta frase para quem está aberto para recebê-la. Ou seja, para quem parece já ter amado e, portanto reconhece a delicadeza deste sentimento.
Desconsiderando as pessoas extremamente centradas no próprio umbigo, acredito que com o mínimo de sensibilidade é possível perceber a abertura ou não do outro para esse tipo de partilha.
Mas abertura para o quê? Para falar a verdade não sei. Para mim não corresponde a nenhum tipo de comprometimento com o que quer que seja, mas um momento de intimidade, cumplicidade. Se não sinto essa correspondência não falo. O que não quer dizer que não sinta. Significa apenas que essa partilha não será explicitada verbalmente. Mesmo porque antes do "eu te amo” chegar na boca ele já percorreu todo o meu corpo e o corpo do outro.

OBS: esse post foi incentivado por Cesar Miranda
http://protensao.apostos.com/2009/08/27/eu-te-amo/

19 de novembro de 2009

Pecado Original


Todo dia, toda a noite,
toda hora,
toda madrugada,
momento e manhã
Todo mundo,
todos os segundos do minuto vive a eternidade da maçã
Tempo da serpente, nossa irmã
Sonho de ter uma vida sã
Quando a gente volta o rosto para o céu e diz
olhos nos olhos da imensidão
Eu não sou cachorro não
A gente não sabe o lugar certo onde colocar o desejo
Todo beijo, todo medo, todo corpo em movimento
está cheio de inferno e céu
Todo santo, todo canto, todo pranto,
todo manto está cheio de inferno e céu
O que fazer com o Deus nos deu
O que foi que nos aconteceu
Quando a gente volta o rosto para o céu e diz
olhos nos olhos da imensidão
Eu não sou cachorro não
A gente não sabe o lugar certo onde colocar o desejo
Todo homem, todo lobisomem sabe a imensidão da fome
que tem de viver
Todo homem sabe que essa fome é mesmo grande,
até maior que o medo de morrer
Mas a gente nunca sabe mesmo
o que é que quer uma mulher.

Caetano Veloso

8 de novembro de 2009

Juntos somos fortes, somos flecha e somos arco

Enquanto cúmplices não podiam abandonar-se assim... E todos aqueles crimes que cometeram? A flecha rasgava a carne dos dois. Famintos e com o corpo rijo sentiam-se prontos para o ataque. Os olhos vivos não queriam apagar o grande assalto que fizeram ao mundo. Riam do próprio riso fácil.

Precisavam confiar no implausível: da respiração ofegante à insegurança brutal. Das alturas podiam cair, mas falar não. Nem sob tortura! Eles não precisavam de palavras, eram também cúmplices em seus silêncios.

Noites e noites em claro pensando em rotas de fuga, túneis secretos e quebra de sistemas de segurança. Tudo para chegar ao outro lado, onde diante do cofre arrombado jubilaríam-se extasiados perante a quebra do grande taboo.

1 de novembro de 2009

30 de agosto de 2009

Segredo público: eu queria ser artista I








E pintar lindos quadros como Oswaldo Goeldi para dar de presente.....
Até dia 20/09 na Caixa Cultural (Conj. Nacional/ Av. Paulista)
Bom passeio!

16 de agosto de 2009

Trust

A confiança é o correlato emocional do amor primário, condição sine qua non da experiência de unidade ou continuidade do self consigo e com o mundo. O impulso para confiar é o que conduz o sujeito a criar um espaço de interação com os objetos, no qual unidade e alteridade, eu e outro, individualidade e dualidade, coexistem sem ruptura, mas também sem fusão. Balint e Winnicott convergem ao supor que “tanto o bebê quanto o adulto capazes de relaxar e de não-integrar-se conhecem existencialmente a experiência de confiar e de sentir-se a salvo”. A não-integração como o amor primário se encontra, portanto, intimamente ligada à experiência de confiança, pressuposto psíquico do sentimento de continuidade da existência.

Pedro Salém e Jurandir Freire Costa
(extraído do artigo "Sobre a confiança em Balint" - Revista Textura (2003))

13 de agosto de 2009

Para além da alma e da pele

Arte de amar
Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.

Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus — ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

Manuel Bandeira


Os dois estavam em silêncio há uns quinze minutos. Desde a última visita do garçom, quando deixou a cerveja a pedido dela, não se olhavam mais. Entre os dois corpos mudos havia uma mesa. Abaixo dela as pernas estavam livres, mas ainda assim distantes. Ambos olhavam a rua automaticamente. Enquanto os dedos dele batiam levemente a mesa em um ritmo constante, os braços congelados dela permaneciam cruzados. Em um ato inconseqüente ela irrompeu a ansiosa quietude sem lhe dirigir o olhar:

- Por que você estava insensível comigo ontem? Nem tchau direito você deu!
- O problema foi o tchau, então? - Não, não foi o tchau em si, foi a sua insensibilidade. Você reparou que a gente mal conversou a noite toda?
- Insensibilidade? Você não consegue perceber o quanto meu corpo é sensível, né?... ele sente você o tempo todo, tanto a presença quanto a falta. E sua presença ausente me deixa assim, mudo.
- Mas eu não estou ausente, pelo contrário! Estou aqui querendo conversar com você, não tô?

Antes de terminar a frase os pés dele tocaram os dela. O movimento pegou-a de surpresa e seus dois olhos negros esboçaram um sorriso maroto que ele não viu. Mesmo com os pés em comunhão os dedos dele continuavam com o ritmo constante em direção a mesa, e sua face não esboçava mudança alguma. As palavras se esquivavam, mas sua alma começou a se aproximar assim que os braços dela se descruzaram. A única frase que encontrou foi:

- Sobre o que você quer conversar?
- Não sei mais, acho que sobre a gente... Os olhos dela rapidamente o abandonaram, voltando-se para rua.
- Mas a gente! A gente tá aqui ô. - suas mãos soltas no ar esboçaram o contorno dos dois corpos. – O que mais precisa pra gente se entender? A mão esquerda dele voltou a ritmar a mesa para aplacar o desandamento do seu coração. Já tinha falado demais por hoje.

Sentindo que as mãos começavam a suar e se esforçando para que seu tronco não desabasse, ela timidamente perguntou:

- E se eu te der o meu corpo, você me ensina a entender?
- Mas você já não me deu o seu corpo? E os olhos dele paralisam, agarrados aos lábios dela.
- Acho que não. Eu devo ter entregue apenas a pele.... Finalmente os dedos dele pararam de bater a mesa. Seus olhos de dúvida não largavam a boca dela e ainda clamando por socorro ouviu: É que eu ainda não nasci direito.