19 de novembro de 2009

Pecado Original


Todo dia, toda a noite,
toda hora,
toda madrugada,
momento e manhã
Todo mundo,
todos os segundos do minuto vive a eternidade da maçã
Tempo da serpente, nossa irmã
Sonho de ter uma vida sã
Quando a gente volta o rosto para o céu e diz
olhos nos olhos da imensidão
Eu não sou cachorro não
A gente não sabe o lugar certo onde colocar o desejo
Todo beijo, todo medo, todo corpo em movimento
está cheio de inferno e céu
Todo santo, todo canto, todo pranto,
todo manto está cheio de inferno e céu
O que fazer com o Deus nos deu
O que foi que nos aconteceu
Quando a gente volta o rosto para o céu e diz
olhos nos olhos da imensidão
Eu não sou cachorro não
A gente não sabe o lugar certo onde colocar o desejo
Todo homem, todo lobisomem sabe a imensidão da fome
que tem de viver
Todo homem sabe que essa fome é mesmo grande,
até maior que o medo de morrer
Mas a gente nunca sabe mesmo
o que é que quer uma mulher.

Caetano Veloso

8 de novembro de 2009

Juntos somos fortes, somos flecha e somos arco

Enquanto cúmplices não podiam abandonar-se assim... E todos aqueles crimes que cometeram? A flecha rasgava a carne dos dois. Famintos e com o corpo rijo sentiam-se prontos para o ataque. Os olhos vivos não queriam apagar o grande assalto que fizeram ao mundo. Riam do próprio riso fácil.

Precisavam confiar no implausível: da respiração ofegante à insegurança brutal. Das alturas podiam cair, mas falar não. Nem sob tortura! Eles não precisavam de palavras, eram também cúmplices em seus silêncios.

Noites e noites em claro pensando em rotas de fuga, túneis secretos e quebra de sistemas de segurança. Tudo para chegar ao outro lado, onde diante do cofre arrombado jubilaríam-se extasiados perante a quebra do grande taboo.

1 de novembro de 2009